sábado, 19 de março de 2011

JAPÃO, TRAGÉDIA E LIÇÃO DE DESENVOLVIMENTO


Por Armando S. Neto
  
Não é necessário comentar, mais uma vez, a ação da natureza que violou a paz e a economia japonesa na semana que passou, mas que insiste em se fazer presente na imprensa mundial, hoje e pelos próximos meses (ou anos, talvez). Por que, então, mais uma postagem abordando esse tema, haja vista que qualquer site da internet o faz com maestria inquestionável?
A bem da verdade, não se pretende, aqui, tratar da tragédia em si ou dos aspectos econômicos que ela, certamente, haverá de atingir de forma precisa e certeira. Não. O que se pretende é, singelamente, prestar uma homenagem a um povo que se mostra cada vez mais maduro, consciente, unido e, principalmente, desenvolvido. Não desenvolvido  sob o aspecto econômico ou social, mas estritamente sob o aspecto humano. São verdadeiros seres humanos, como raramente, ou quase nunca, vemos.


   Senão, vejamos: tendo sido um dos últimos países a se libertar de um medieval feudalismo, às portas do século XX, com uma Europa já industrialmente desenvolvida e um Tio Sam já de olho no mundo,  o Japão alcança, em poucos anos, o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo. Não sem antes, contudo, ser parcialmente destruído de forma covarde por duas bombas atômicas (alguns dirão que quem procura acha, mas a população civil, o povo, nunca procurou por nada, a não ser viver ou - quem sabe? - sobreviver). Pautado numa educação de qualidade (uma educação quase esquecida, por nós, brasileiros), o país se reergueu e atingiu o topo do desenvolvimento tecnológico mundial. Consequentemente, a economia também saltou à estratosfera. Mas, as placas tectônicas, que sempre fizeram questão de serem lembradas na terra do sol nascente, decidiram mostrar definitivamente a que vieram. E o resultado, ao menos parcialmente, todos nós conhecemos...
   Há pouco tempo, o Brasil também foi, embora em menor escala, notícia no mundo todo: chuvas torrenciais devastaram  a região serrana do Rio de Janeiro, ceifando quase mil vidas. Mas, infelizmente, as notícias não pararam por aí. Veiculou-se também a notícia de saques aos pertences de pessoas atingidas pela tragédia. A região, que já se encontrava debaixo de lamas, corpos e escombros, se viu cercada pela polícia, que tentava impedir a ação irracional de "pessoas" que tentavam tirar proveito da situação: ainda assim, casas (ou o que sobrou delas) e comércios foram invadidos e saqueados por elementos que ainda são tidos como seres humanos.
   Seres humanos? Então o que são aqueles japoneses que, já suficientemente abatidos pela tragédia, já sem parte de seus familiares, com suas almas e corações destroçados, ainda tentavam, serenamente, ajudar seus iguais, sem lamentações, hipocrisias ou interesses outros que não o de estender a mão a um compatriota? Saques? Oportunismo? Não, não é do feitio de um povo que vem se mostrando a que veio. Não é do feitio de um povo que pode ser chamado de DESENVOLVIDO, ou melhor, que tem uma ALMA desenvolvida. Esses são, realmente, seres humanos. Daqueles que os místicos diziam que seriam o que predominaria no terceiro milênio.  
  Bem, parece que os místicos erraram. A maioria dos homens ainda está longe de atingir o patamar que o povo japonês parece ter atingido. Quem sabe o terceiro milênio e seu povo contemporâneo não esteja, só agora, emergindo de uma catástrofe? 
   Minhas homenagens e sinceros sentimentos ao povo japonês.

   Armando S. Neto.
  

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